domingo, 23 de novembro de 2008

Eu filosofo, tu filosofas e nós tentamos filosofar


"Só é possível filosofar em alemão". Essa é uma afirmação do filósofo Heidegger, que, muitos anos depois, foi popularizada, aqui no Brasil, pelo nosso Caetano, em uma música fantástica, Língua. Mas o que é filosofar? O que é a filosofia? São indagações que me faço todas as noites durante as aulas de Filosofia e passeios pelos corredores do Beta (prédio onde fica o curso de Filosofia da Metodista, em SBC).

Sinto-me um peixe fora d´agua, porque ouço citações e observações pelos corredores que ainda não consigo entender. Tenho um ponto a meu favor, acredito: a minha 'alma filosófica' é quase pura, portanto me permito conhecer de tudo, mesmo que não esteja concordando muito com alguns pensamentos.



Não tenho nenhuma ideia formada e é sempre assim que encaro um novo conhecimento. Entrei na faculdade 'apaixonada' por alguns pensadores, como Nietzsche, Sartre, Marx e Sócrates. O interessante da discussão é justamente perceber as diversas interpretações que se fazem de cada pensador. E , por isso, filosofar é dialogar, é conhecer outras interpretações, é rever e aprimorar as suas verdades a respeito de um tema. É entender que existem muitas verdades que devem ser consideradas.

Ando fascinada pelas regras de linguagem, como ela se dá, como a usamos, como podem ser limitadoras da expressão do nosso pensamento. Por exemplo, eu, ao escrever esse pequeno texto, tento passar uma expressão do meu pensamento sobre as minhas angústia do 'filosofar', mas como será que você o está entendendo? A minha vivência de comunicóloga me diz que o texto sempre tem a interpretação de quem o lê e não de quem o escreve. Será que as limitações da linguagem são responsáveis por isso?

O pensamento que me fez buscar o 'desvendamento da linguagem' foi o de Wittgenstein, quando, após uma aula, me senti 'tentada' a ler o seu Tractatus Logico-Philosophicus. Fiquei confusa, mas li duas vezes a obra e, muito provavelmente, a lerei inúmeras vezes. Passei, agora, para sua obra póstuma Investigações Filosóficas. E fui orientada a ler sobre ele, o que tenho feito.

E descubro com Wittgenstein que "Desconfiar da gramática é o primeiro requisito para se filosofar". E entendo o filosofar por meio de uma frase sua no prefácio de Investigações Filosóficas: "Não desejaria, com minha obra poupar aos outros o trabalho de pensar, mas sim, se for possível, estimular alguém a pensar por si próprio". (WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas. São Paulo: Abril Cultural, 1984 - Os Pensadores)

Filosofia é paixão, é libertar-se, é curar-se!

(escrito em 23/11/08)

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