domingo, 5 de setembro de 2010

O que faz você feliz?

Domingo, 5 de setembro, 4h25 - E eu ainda acordada! A semana foi tão cansativa e eu estou tão elétrica que não consegui relaxar mais do que três horas... Ai me levantei e liguei a TV e estava passando a Campanha do Pão de Açúcar que traz Gilberto Gil fazendo essa pergunta: o que faz você feliz?... Já achava o texto brilhante -- como tudo que vem de Gil -- mas comecei a me perguntar: o que me faz feliz?

Por incrível que pareça, todas as sugestões que Gil apresenta no texto me fazem feliz! Muito feliz!
Porém, por acreditar que o tempo mensurável não exista e por ele ser apenas um cenário aonde os fenômenos acontecem e nos coloca em contato conosco e para os mais atentos em contato com seu verdadeiro modo de ser, eu recordei vários "cenários" da minha vida e percebi que em cada palco a felicidade teve um nome, uma cor, um sabor diferente.
Na infância, quando eu era uma garotinha muito mimada, o que me fazia feliz era me sentar no colo do meu pai e chamá-lo de papis... ou então, quando minha mãe -- uma excelente quituteira -- preparava aquela sobremesa de domingo que eu comia até passar mal. Ou mesmo os passeios de finais de semana na Cidade da Criança ou no Riacho Grande com pais, irmãos, tios, tias e um batalhão de primos. Somos uma família italiana, por isso sempre tem muita gente!
Fui crescendo e as exigências para que eu pudesse me sentir feliz foram mudando. Todas essas coisas simples estavam no passado e não faziam mais sentido. Aos 15 anos, o que me deixava feliz era um vestido novo, um batom vermelho, os meus cabelos compridos e elogiados, a minha popularidade, os rapazes que me cercavam..mas, justamente aquele que eu queria não me olhava e aí comecei a conhecer o que poderia me fazer triste...
Cresci. Os sonhos mudaram. Aquele princípe virou um chato e me encantava cada vez mais pelos livros. Já os apreciava, mas ao descobrir novos escritos, fui me descobrindo e formando uma identidade diferenciada. Ou não? Aos 18 anos, o que me fazia feliz era ir à faculdade de Jornalismo e me encontrar com pessoas vindas de todos os cantos e de mundos tão diferentes, mas com metas e sonhos tão parecidos. A vida parecia que florescia e que eu tinha tanto tempo pra realizar todos aqueles sonhos, que foram se perdendo e sendo substituídos com o passar dos anos.
Logo em seguida, segui o padrão e me casei.. E dois anos depois o que me fez feliz foi ver uma barriga crescer e mexer, ouvir um choro, ouvir alguém me chamar de "mamãe", sentir aquele calor e cheirinho tão gostoso do único filho, Pedro Gabriel. O que me fazia feliz eram nossas conversinhas na cama, enquanto ele brigava com o sono e me contava suas aventuras tão singelas da escola. Ao me recordar desses momentos -- que parecem que foram ontem ou mesmo hoje à tarde -- ainda sinto a mesma felicidade. Fui apenas mãe durante muito tempo -- apesar de continuar trabalhando -- mas o ser mãe, naquele momento, era o mais importante. Não me arrependo dessa fase tão altruísta.. mas o menino foi crescendo, sendo cada vez mais independente e eu descobri que a felicidade poderia ser mais do que isso. Me divorciei e voltei aos estudos. Cursei mais duas faculdades, duas pós-graduações. Cheguei aos 40 anos!
Nessa fase o que me fazia feliz era me olhar no espelho e apreciar a mulher que havia me tornado -- Isso sempre me deixa feliz! A vida ganhou novas cores. Alguns dias as suaves cores de Monet, em outros as fortes cores de Frida e ainda houve dias que as cores eram de Dalí. E ainda continha assim e a minha busca constante logo me levou à terceira faculdade, a Filosofia, e foi aí que me encontrei.redigir cada frase da minha tese me faz feliz. Ler cada novo pensamento me deixa em êxtase. 
Aos 45 anos, me redescubro e percebo que as coisas simples, como o colo do meu pai, o doce da minha mãe, os passeios de finais de semana em família, o cheirinho do meu filho, o primeiro livro de Sartre e a descoberta de Heidegger, uma taça de um bom vinho, uma bela música me fazem feliz.
E aí percebo que a felicidade é interna e mora em nós. Basta se olhar. Basta se permitir. 
Ser feliz é ser autêntico, mesmo que o outro demore para entender.
Ser felliz é se apaixonar como aos 15 anos, meio inconsequente.
Ser feliz é sonhar com alguém, que talvez não sonhe com você, mas que bom que você sonha com alguém.
E aí, se você me perguntar o que eu quero da vida para continuar feliz, eu digo a você para ouvir a música Casa no Campo, com Eliz Regina... É tudo que eu quero. É tudo que eu preciso!
E você, o que te faz feliz?


Acesse e ouça Casa no Campo e descubra o que me faz feliz:
http://www.youtube.com/watch?v=OITefBHuEkk


E para recordar, o belo texto de Gil: "o que te faz feliz?"


"O que faz você feliz?
Abrir a janela, comer na panela
viajar pela rua, o mundo da lua
Correr para o abraço, que eu desembaraço,
ou é andar descalço que faz você feliz?
Será que é cuidar da gente,
cuidar do planeta,
fazer diferente, fazer melhor?
Ficar na cama (só mais um pouquinho!)
Comer um bolinho, fazer um carinho,
Se espreguiçar?
É isso que faz você feliz?
Ou é... adivinhar desejo, estalinho de beijo
amar de paixão, arroz com feijão,
uma bela salada, miolo de pão?
Talvez...
a macarronada, brincar de nada,
fazer de tudo, fazer o que você sempre quis...
Me diz: o que faz você feliz
também faz alguém feliz"

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