domingo, 8 de agosto de 2010

A angústia no Ser-para-a-Morte em Ser e Tempo, de Matin Heidegger

Apresento a seguir uma sinopse do trabalho que pretendo desenvolver.

Introdução

O trabalho, que recebeu o título provisório de "A Angústia no Ser-para-a-Morte em Ser e Tempo, de Martin Heidegger", investigará a relação entre o conceito Angústia e Ser-para-a-Morte na filosofia de Martin Heidegger, tendo como obra central Ser e Tempo. A ideia será trabalhar o papel dos citados fenômenos na existência do dasein e na sua constante busca pelo seu modo de ser ao projetar-se no mundo, traçando paralelos com outros fenômenos que o leva ao distanciamento do ser-em-si e, consequentemente, ao não entendimento da finitude de sua existência.


Palavras-chaves: angústia, morte, fenomenologia, ser e tempo.



Investigação do estudo

Como já dito na introdução, o trabalho examinará os conceitos ANGÚSTIA e SER-PARA-A-MORTE na filosofia do alemão Martin Heidegger, tendo como partida a obra Ser e Tempo, na qual o pensador coloca a questão do sentido do ser sob um novo prisma, repudiando a metafísica ocidental, que até então tentou definir o SER. Porém, essa metafísica jamais chegou a questão central da obra de Heidegger: o sentido do ser.

Para tal, o texto será desenvolvido a partir da definição de DASEIN como o ser-aí e seu entrosamento com o mundo e o tempo. Sendo que o mundo só é para o dasein e o dasein é para o mundo; e o tempo é o cenário que possibilita o acontecimento dos fenômenos vividos pelo dasein. É preciso uma definição complexa que identifique a situação original do dasein, bem como sua compreensão e a sua discursividade (linguagem). Ação essa que permite ele tanto se perguntar como responder a respeito do sentido do ser. Sendo o que o diferencia dentre os demais entes.

Após a definição de DASEIN, a proposta é partir para a apresentação de todos os modos de ser identificados por Martin Heidegger, na citada obra, para se chegar à definição e análise do único modo de ser, entendido pelo filósofo, como um modo de ser privilegiado: a ANGÚSTIA. No entanto, será necessário diferenciar a angústia ôntica de angústia ontológica. A primeira tem uma causa identificada, fruto do intramundano, da decadência das atividades da cotidianidade e é curável por meio de ferramentas apresentadas pelo mundo tecnicista que tem como finalidade principal ´coisificar´o homem e levá-lo à impessoalidade e, consequentemente, à fuga do si-mesmo, sem jamais conseguir entender o seu verdadeiro modo de ser. Portanto, essa é uma angústia falsa.

Já a angústia ontológica vem do nada, do vazio, que vem do ser enquanto ser. Esse será o foco principal do estudo, já que, segundo o pensador, é a angústia ontológica que possibilita ao dasein entrar em contato com o ser-aí. É determinante para o esclarecimento da  angústia ontológica como um modo de ser privilegiado apresentar os caminhos e consequências que o dasein pode seguir ao enfrentar esse vazio, o nada.

Constantemente, o dasein transforma a angústia ontológica em angústia ôntica ao lhe determinar uma causa. Nesse caso, há uma distração do dasein para aquilo que realmente ele é e, então, ele passa a atuar em um mundo irreal. Um mundo coordenado pela moralidade e legalidade que não reflete a sua vontade de ser. Passa a assumir contratos sociais. No caso de abraçar a angústia ontológica (o nada, o vazio), uma forma de angústia rara devido à cotidianidade tecnicista, o dasein abre-se ao mundo e possibilita o contato com o seu modo de ser verdadeiro, o que o levará a um modo de vida autêntico, seguindo a vontade do seu ser. Ou seja, ao propor vivenciar a angústia ontológica, o pensador apresenta ao dasein uma nova forma de existência que o levará a sair da inautenticidade - na qual ele vive - para a autenticidade.

A angústia ontológica permitirá, então, que o dasein tome consciência da finitude de sua existência. Com isso, passa a compreender o caráter temporal do ser e, assim, é despertado para a morte. A verdadeira angústia desperta a morte como o fenômeno temporal mais significativo na existência humana. O dasein é despertado para a realidade que é um ser finito, que sua existência terá um fim. E, assim, chegaremos a outro conceito importante na filosofia de Heidegger: o SER-PARA-A-MORTE. Heidegger afirma em sua obra Ser e Tempo: "o fim do ser-no-mundo é a morte. Esse fim, que pertence ao poder-ser, isto é, à existência, limita e determina a totalidade cada vez mais possível do Dasein" (1989a, Volume II, p. 12).

Mas a morte não é apresentada pelo pensador como algo negativo, pois é preciso compreender que a morte não é o fim físico da vida. Pois quando o dasein vivencia a plenitude da angústia ontológica, ele toma consciência do verdadeiro modo de ser e sua verdadeira ligação com o mundo e o mundo com ele, assumindo-se, também, como um ser-para-a-morte. Passa, então, a entender que a morte é mais um fenômeno da própria existência e não o fim dela. A morte só existe quando não há mais existência, portanto não pode ser sentida. E essa consciência de que se é um-ser-para-a-morte leva o dasein a questionar todo o seu ser, o seu verdadeiro sentido e o coloca em contato com o ser-aí.

Nas conclusões, o trabalho apresentará o vivenciar da angústia ontológica como uma importante ação terapêutica, por permitir ao dasein o entendimento do seu modo de ser e possibilitar o ser humano a viver autenticamente, seguindo a sua vontade de ser.

Estrutura do estudo:

- Introdução

- Capítulo I
Definição de Dasein

- Capítulo II
O tempo como cenário

- Capítulo III
Modos de Ser

- Capítulo IV
Angústia ôntica - a fuga do Dasein

- Capítulo V
Angústia ontológica - em busca do sentido do ser

- Capítulo VI
A consciência da finitude - o ser-para-a-morte

- Capítulo VII (conclusão)
A angústia ontológica como ação terapêutica

Glossário

Referências Bibliográficas:

FREUD, S. O Futuro de Uma Ilusão
FREUD, S. O Mal-Estar da Civilização
HEIDEGGER, Martin. O Caminho da Linguagem.
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura.
HUSSERL, Edmund. A ideia da fenomenologia.
KIERKEGGARD, Soren. O Conceito de Angústia.
NIETZSCHE, Friedrich. Vontade de Potência.
NUNES, Benedito. Heidegger e Ser e Tempo.
SARTRE, Jean-Paul. O ser e o Nada.

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