domingo, 15 de junho de 2014

A arrogância escancarada é filha da ignorância (*)

Após a abertura da Copa 2014 na última quinta-feira (12.06.2014) e as vaias destinadas à Dilma Rousseff, a presidente do país, e pior, a falta de civilidade de uma classe social que sempre teve oportunidades para estudar bem, comer bem e morar bem, que gritou para o mundo ouvir um sonoro “vai tomar no cu”, para a autoridade máxima de um país, li várias matérias e comentários na rede social Facebook a respeito.

Decidi me manifestar em um post, após ouvir o comentário do jornalista Juca Kfouri, na Rádio CBN (Escute Aqui). Escrevi:

“Voto na Dilma! Mas, independentemente desse fato, considero vaiar e xingar com nomes chulos um governante - seja ele quem for - desrespeito. Chegamos a um absurdo tão surreal nesse país, que as pessoas que se dizem mais esclarecidas são as que mais disseminam o ódio e, principalmente, a desinformação. Lamentável o ocorrido! Li em algum lugar, inclusive, que a presidente rompeu com uma tradição de 30 anos em não se pronunciar na abertura. Será que ela estava errada? Pra que? Pra ser humilhada diante do mundo? Façam-me o favor, vamos ser coerentes! Nunca fui muito fã de Kfouri, mas ele ganhou meu respeito! É isso, caro jornalista, você está certíssimo!”



Imediatamente, algumas pessoas curtiram e quatro comentaram. Duas, embora contra o governo vigente, concordaram com o post e repetiram, com suas palavras, o que eu havia dito. As outras duas, uma pessoa que nem conheço, e outra que por acaso pertenceu a uma das forças armadas do país, foram cínicas, desrespeitosas com a minha opinião, e mostraram-se, como boa parte da população, que estão contaminadas pelo ódio. Isso mesmo: ódio.

Lamentavelmente, toda vez que me expresso, sempre há as pessoas contaminadas com esse vírus que me ofendem em minha própria Rede Social, levando-me a excluir todos os comentários, inclusive os inteligentes, para não ser antidemocrata e antiética. Gostaria muito que o Facebook e as demais Redes Sociais fossem espaços para troca de opiniões e crescimento de ideias e não para a disseminação do ódio e da intolerância.

Não quero que todos concordem com a minha posição, mas EXIJO respeito, porque JAMAIS desrespeitei a opinião do outro.  Comentários elegantes, mesmo que sejam contra o que eu disse, são bem-vindos, mas “xingamentos” e discursos copiados da mídia, não aceito: excluo mesmo e deleto o ser.

Há pouco mais de um ano, quando as manifestações começaram em nosso país, e aqui digo que no começo fui totalmente a favor (Leia textopublicado no meu blog na ocasião), senti que poderíamos estar vivendo uma reviravolta na conscientização política de um povo, mas imediatamente as manifestações passaram a carregar um discurso que proliferou o ódio contra o país e contra os que apóiam o governo vigente, e eu redigi um novo texto (Leia Aqui)

Não estou aqui para defender o governo do PT e nem pra dizer que é o melhor governo do mundo e que não cometeu nenhum erro ou mesmo que o mensalão não existiu. Ser politizado é estar ciente dos erros do partido em que você vota, e acredita, e cobrar explicações, SIM. É um direito de todos nós e acho correto.

Estou aqui para defender a integridade do ser humano e do direito igualitário de expressão. Devido à minha posição política, ouvi em uma reunião de trabalho a seguinte frase: “O único defeito da Teca é ser petista”. Se essas palavras não demonstram desrespeito e opressão, eu não sei mais o que significam. 

Outra situação que passei há pouco tempo foi em uma mensagem In Box, no Facebook, quando uma pessoa me perguntou: “Você é petista?” e eu respondi que sim e aí veio a bomba: “Nossa, como uma mulher tão bonita e inteligente pode ser petista!”. E ainda fechou: “Não se preocupe, não vou lhe deletar da minha lista de amigos por isso”. Preferi não comentar, mas está aí a prova legítima do título desse texto.

A minha preocupação não é com o governo vigente e nem com o processo eleitoral, mas com o que está acontecendo com o povo. O poder midiático está contaminando as pessoas com o ódio, usando adjetivos fortes e de fácil assimilação para que sejam propagados “sem dó, nem piedade e contra qualquer um que for contrário ao que esses acreditam”. E as pessoas que se dizem mais educadas e letradas influenciam seus “funcionários e amigos não politizados”, que parecem papagaios cibernéticos compartilhando as ideias dos “chefes”, mas sem nenhuma argumentação que demonstre que se trata de suas próprias opiniões.

A arrogância escancarada é filha da ignorância (*) - O título desse texto não é de minha autoria e sim do jornalista Matheus Pichonelli, da CartaCapital, que em crônica, publicada no dia 13.06.14, “Teve Copa. E teve relincho”, foi brilhante ao expor o ocorrido na tarde do dia anterior na Arena Corinthians, na Zona Leste de São Paulo. Uma região sofrida e esquecida pelo Governo Estadual há anos.

O colunista explica claramente o título que tomei emprestado, e recomendo a leitura da crônica (Clique Aqui):


"Mas a arrogância escancarada é filha da ignorância: a ignorância de quem vive em um país

imaginário cujas mazelas são exteriores a ele, seu corpo e seus amigos e familiares. De corpo imune em corpo imune, criamos um país sentado no sofá (ou na arquibancada) à espera de milagres de tudo o que vem de fora. Por isso malha o professor, o porteiro, o policial e o político que ele despreza.”


Ao longo da semana, todos leram várias opiniões a respeito do ocorrido. Aliás, as vaias e o sonoro “vai tomar no cu” tiveram mais repercussão que a vitória sofrida da Seleção Brasileira.  Lemos no site do jornal Estado de S. Paulo, no dia seguinte (13.06), que:

“Horas depois de afirmar que os xingamentos à presidente Dilma Rousseff (PT) na abertura da Copa do Mundo representavam os frutos que a petista havia plantado ao longo dos últimos anos, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, voltou atrás e publicou um post em sua página oficial no Facebook, dizendo que, apesar das críticas que tem feito ao governo de sua adversária política neste pleito, os limites do respeito pessoal não devem ser ultrapassados. "No que depender de mim, o debate eleitoral se dará de forma respeitosa", disse o tucano”.

O tucano, de bobo não tem nada, e tem por trás uma equipe de marqueteiros sábios, que analisaram todas as mídias e perceberam que esse caminho pode ser perigoso. Cá entre nós, não acredito que o candidato à presidência da República pelo PSDB vá seguir o que afirmou em sua rede social, mas precisamos esperar para ver.

A arrogância escancarada tem uma prima muito amiga, a repressão. Acho que a filha (ignorância) e a prima andam de mãos dadas pelo olimpo. Outro episódio que ainda vai dar o que falar foi o comentário do apresentador José Trajano, da ESPN, na qual ele repudiou o ocorrido e como um quarteto de jornalistas famosos têm contribuído para atos como esse. Em seu pronunciamento, disse:  

(...) “gente que só semeia o ódio, a inveja (...)” Eu fechei minha conta do Facebook para não perder amizades, assustado que estava com o pensamento proto-fascista de seguidores de Reinaldo Azevedo, Olavo de Carvalho, Augusto Antunes e outros semelhantes (ênfase nos semelhantes, pois o discurso é tão homogêneo que é quase impossível distingui-los). As páginas da Veja estão recheadas de insultos voltados a petistas ou esquerdistas: canalha, ignorante, cretino, idiota, apedeuta, safado, cafajeste... e na falta de mais termos agressivos, inventam-se neologismos, como petralha, para atacar quem está no polo ideológico oposto".

Esse simples comentário reflete tudo que mencionei anteriormente sobre o poder midiático – e de ambos os lados (quem defende o governo vigente e os contrários). Mas a arrogância de um dos jornalistas é tão escandalosa que me envergonho de ter pertencido à mesma turma dele de jornalismo, embora pouco falasse com ele.  Em seguida a esse comentário, “esse tal jornalista” disse que acionaria o apresentador por racismo, baseado na Lei 7.716, porque acredita que com as palavras de Trajano, o mesmo fez o que ele faz em todos os seus textos e comentários em uma famosa emissora de rádio de São Paulo. Além disso, em algum momento se coloco em sua resposta como um poderoso da mídia, que tornou o apresentador famoso do dia para noite, ao exibir o vídeo com o comentário em seu blog. 

Eu, particularmente, não entro no Blog desse jornalista (tenho náuseas nas primeiras linhas). Passei a conhecer o apresentador José Trajano (também não sou fã de esporte e não assisto a ESPN), após a repercussão nas redes sociais do fato que o "tal jornalista" iria acionar o apresentador. Talvez, as tantas visualizações do vídeo não tenham sido devido ao Blog, mas à atitude opressora do "tal jornalista". Mas a sua arrogância é tão escancarada sempre, que ele jamais admitirá. 

É muita arrogância ou seria ignorância?

E quanto à manifestação contra a presidente, caros amigos, façam valer nas urnas.

A urna não mente! 

E não pensem que vou dizer que acho que a vitória de Dilma é certa, eu não sei. E jamais canto vitória, porque o processo eleitoral nem começou ainda.

A coisa vai pegar fogo e certamente será uma das eleições mais perigosas, não nas urnas, mas nas ruas!


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