Após
a abertura da Copa 2014 na última quinta-feira (12.06.2014) e as vaias
destinadas à Dilma Rousseff, a presidente do país, e pior, a falta de
civilidade de uma classe social que sempre teve oportunidades para estudar bem,
comer bem e morar bem, que gritou para o mundo ouvir um sonoro “vai tomar no cu”,
para a autoridade máxima de um país, li várias matérias e comentários na rede
social Facebook a respeito.
Decidi
me manifestar em um post, após ouvir o comentário do jornalista Juca Kfouri, na Rádio CBN (Escute Aqui). Escrevi:
“Voto na Dilma! Mas, independentemente desse fato, considero
vaiar e xingar com nomes chulos um governante - seja ele quem for -
desrespeito. Chegamos a um absurdo tão surreal nesse país, que as pessoas que
se dizem mais esclarecidas são as que mais disseminam o ódio e, principalmente, a desinformação.
Lamentável o ocorrido! Li em algum lugar, inclusive, que a presidente rompeu
com uma tradição de 30 anos em não se pronunciar na abertura. Será que ela
estava errada? Pra que? Pra ser humilhada diante do mundo? Façam-me o favor,
vamos ser coerentes! Nunca fui muito fã de Kfouri, mas ele ganhou
meu respeito! É isso, caro jornalista, você está certíssimo!”
Imediatamente, algumas pessoas curtiram e quatro comentaram.
Duas, embora contra o governo vigente, concordaram com o post e repetiram, com
suas palavras, o que eu havia dito. As outras duas, uma pessoa que nem conheço,
e outra que por acaso pertenceu a uma das forças armadas do país, foram cínicas,
desrespeitosas com a minha opinião, e mostraram-se, como boa parte da população,
que estão contaminadas pelo ódio. Isso mesmo: ódio.
Lamentavelmente, toda vez que me expresso, sempre há as
pessoas contaminadas com esse vírus que me ofendem em minha própria Rede
Social, levando-me a excluir todos os comentários, inclusive os inteligentes, para
não ser antidemocrata e antiética. Gostaria muito que o Facebook e as demais
Redes Sociais fossem espaços para troca de opiniões e crescimento de ideias e
não para a disseminação do ódio e da intolerância.
Não quero que todos concordem com a minha posição, mas EXIJO respeito, porque JAMAIS desrespeitei a opinião do outro.
Comentários elegantes, mesmo que sejam
contra o que eu disse, são bem-vindos, mas “xingamentos” e discursos copiados
da mídia, não aceito: excluo mesmo e deleto o ser.
Há pouco mais de um ano, quando as manifestações começaram em
nosso país, e aqui digo que no começo fui totalmente a favor (Leia textopublicado no meu blog na ocasião), senti que poderíamos estar vivendo uma
reviravolta na conscientização política de um povo, mas imediatamente as
manifestações passaram a carregar um discurso que proliferou o ódio contra o país
e contra os que apóiam o governo vigente, e eu redigi um novo texto (Leia Aqui)
Não estou aqui para defender o governo do PT e nem pra dizer
que é o melhor governo do mundo e que não cometeu nenhum erro ou mesmo que o
mensalão não existiu. Ser politizado é estar ciente dos erros do partido em que
você vota, e acredita, e cobrar explicações, SIM. É um direito de todos nós e
acho correto.
Estou aqui para defender a integridade do ser humano e do
direito igualitário de expressão. Devido à minha posição política, ouvi em uma
reunião de trabalho a seguinte frase: “O único defeito da Teca é ser petista”. Se
essas palavras não demonstram desrespeito e opressão, eu não sei mais o que
significam.
Outra situação que passei há pouco tempo foi em uma mensagem In Box,
no Facebook, quando uma pessoa me perguntou: “Você é petista?” e eu respondi
que sim e aí veio a bomba: “Nossa, como uma mulher tão bonita e inteligente
pode ser petista!”. E ainda fechou: “Não se preocupe, não vou lhe deletar da
minha lista de amigos por isso”. Preferi não comentar, mas está aí a prova
legítima do título desse texto.
A minha preocupação não é com o governo vigente e nem com o
processo eleitoral, mas com o que está acontecendo com o povo. O poder
midiático está contaminando as pessoas com o ódio, usando adjetivos fortes e de
fácil assimilação para que sejam propagados “sem dó, nem piedade e contra
qualquer um que for contrário ao que esses acreditam”. E as pessoas que se
dizem mais educadas e letradas influenciam seus “funcionários e amigos não
politizados”, que parecem papagaios cibernéticos compartilhando as ideias dos “chefes”,
mas sem nenhuma argumentação que demonstre que se trata de suas próprias opiniões.
A arrogância escancarada é filha da
ignorância (*) - O título desse
texto não é de minha autoria e sim do jornalista Matheus Pichonelli, da
CartaCapital, que em crônica, publicada no dia 13.06.14, “Teve Copa. E teve relincho”, foi brilhante ao expor o ocorrido na
tarde do dia anterior na Arena Corinthians, na Zona Leste de São Paulo. Uma
região sofrida e esquecida pelo Governo Estadual há anos.
O
colunista explica claramente o título que tomei emprestado, e recomendo a leitura da crônica (Clique Aqui):
"Mas a arrogância escancarada é filha da ignorância: a
ignorância de quem vive em um país
imaginário cujas mazelas são exteriores a
ele, seu corpo e seus amigos e familiares. De corpo imune em corpo imune,
criamos um país sentado no sofá (ou na arquibancada) à espera de milagres de
tudo o que vem de fora. Por isso malha o professor, o porteiro, o policial e o
político que ele despreza.”
Ao longo da semana, todos leram várias opiniões a respeito do ocorrido. Aliás,
as vaias e o sonoro “vai tomar no cu” tiveram mais repercussão que a vitória
sofrida da Seleção Brasileira. Lemos no
site do jornal Estado de S. Paulo, no
dia seguinte (13.06), que:
“Horas depois de afirmar que os xingamentos à presidente
Dilma Rousseff (PT) na abertura da Copa do Mundo representavam os frutos que a
petista havia plantado ao longo dos últimos anos, o pré-candidato do PSDB à
Presidência da República, Aécio Neves, voltou atrás e publicou um post em sua
página oficial no Facebook, dizendo que, apesar das críticas que tem feito ao
governo de sua adversária política neste pleito, os limites do respeito pessoal
não devem ser ultrapassados. "No que depender de mim, o debate eleitoral
se dará de forma respeitosa", disse o tucano”.
O
tucano, de bobo não tem nada, e tem por trás uma equipe de marqueteiros sábios,
que analisaram todas as mídias e perceberam que esse caminho pode ser perigoso.
Cá entre nós, não acredito que o candidato à presidência da República pelo
PSDB vá seguir o que afirmou em sua rede social, mas precisamos esperar para
ver.
A
arrogância escancarada tem uma prima muito amiga, a repressão. Acho que a filha
(ignorância) e a prima andam de mãos dadas pelo olimpo. Outro episódio que
ainda vai dar o que falar foi o comentário do apresentador José Trajano, da
ESPN, na qual ele repudiou o ocorrido e como um quarteto de jornalistas famosos têm contribuído para atos como esse. Em seu pronunciamento, disse:
(...) “gente
que só semeia o ódio, a inveja (...)” Eu fechei minha conta do Facebook para
não perder amizades, assustado que estava com o pensamento proto-fascista de
seguidores de Reinaldo Azevedo, Olavo de Carvalho, Augusto Antunes e outros
semelhantes (ênfase nos semelhantes, pois o discurso é tão homogêneo que é
quase impossível distingui-los). As páginas da Veja estão recheadas de insultos
voltados a petistas ou esquerdistas: canalha, ignorante, cretino, idiota,
apedeuta, safado, cafajeste... e na falta de mais termos agressivos,
inventam-se neologismos, como petralha, para atacar quem está no polo
ideológico oposto".
Esse
simples comentário reflete tudo que mencionei anteriormente sobre o poder
midiático – e de ambos os lados (quem defende o governo vigente e os contrários). Mas a arrogância de um dos jornalistas é tão
escandalosa que me envergonho de ter pertencido à mesma turma dele de
jornalismo, embora pouco falasse com ele. Em seguida a esse comentário, “esse tal
jornalista” disse que acionaria o apresentador por racismo, baseado na Lei 7.716,
porque acredita que com as palavras de Trajano, o mesmo fez o que ele faz em
todos os seus textos e comentários em uma famosa emissora de rádio de São
Paulo. Além disso, em algum momento se coloco em sua resposta como um poderoso
da mídia, que tornou o apresentador famoso do dia para noite, ao exibir o vídeo com o comentário em seu blog.
Eu, particularmente, não entro no Blog desse jornalista (tenho náuseas nas primeiras linhas). Passei a conhecer o apresentador José Trajano (também não sou fã de esporte e não assisto a ESPN), após a repercussão nas redes sociais do fato que o "tal jornalista" iria acionar o apresentador. Talvez, as tantas visualizações do vídeo não tenham sido devido ao Blog, mas à atitude opressora do "tal jornalista". Mas a sua arrogância é tão escancarada sempre, que ele jamais admitirá.
É
muita arrogância ou seria ignorância?
E
quanto à manifestação contra a presidente, caros amigos, façam valer nas urnas.
A
urna não mente!
E não pensem que vou dizer que acho que a vitória de Dilma é
certa, eu não sei. E jamais canto vitória, porque o processo eleitoral nem
começou ainda.
A
coisa vai pegar fogo e certamente será uma das eleições mais perigosas, não nas
urnas, mas nas ruas!
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