Polícia de Choque ataca enquanto manifestantes gritam "SEM VIOLÊNCIA" |
As manifestações contra o
aumento das tarifas dos transportes públicos ocorridas nos últimos dias em São
Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Ceará, Belo Horizonte e outras capitais devem
levar a população brasileira à reflexão do porquê de todo esse movimento.
Manifestantes desejavam um protesto SEM VIOLÊNCIA |
Devemos nos perguntar TODOS, simpatizantes ou não, quantos
aumentos de tarifas dos transportes públicos todas essas capitais já tiveram e
quando as manifestações nos últimos dez anos por essa razão foram tão violentas
-- por ambas as partes (alguns manifestantes e a Polícia) -, e reuniram tantas
pessoas.
Portanto, esse é um momento
importante de reflexão. Penso - e aqui deixo registrado como diz um grande
professor que tive: “minha ignorância é muito eclética” -, que
independentemente do valor do reajuste, fosse ele apenas R$ 0,1, todo esse
movimento teria ocorrido.
Na realidade, acredito que
esse “reajuste” tenha sido apenas a gota
d´água no nível de insatisfação de um
povo que deseja mais. Mais saúde, mais educação, mais segurança e mais
oportunidades para todos.
Rodrigo Bocardi chama manifestantes de "desocupados" |
Essa insatisfação acompanha
a grande maioria da população, mas alguns são corajosos o bastante para ir às
ruas e se manifestarem. Aliás, a história é mudada por esses corajosos e não por
aqueles que simplesmente ficam criticando sem fazer absolutamente nada e
dizendo que todos os manifestantes “são um bando de gentinha que não tem o que
fazer e baderneiros”.
NÃO concordo
com a violência e com a destruição e danos do patrimônio público, pois
precisamos entender que quem paga por esse patrimônio somos nós mesmos.
Portanto, acho essa atitude “burra e fruto de pessoas desinformadas”. E claro,
abomino a atitude repressora, seja com violência declarada ou camuflada, por
parte das autoridades Governamentais. E sou TOTALMENTE a favor de qualquer tipo de manifestação pública.
Sim, é verdade, tivemos
manifestantes pichando e, no protesto anterior, até destruindo o patrimônio e, infelizmente, violência. Mas é preciso entender que essa não é a realidade de
todos que estavam ali. Assim como ocorrem com as torcidas de futebol, não
podemos generalizar dizendo que todos que são torcedores de determinado clube compactuam
com os quebra-quebras que acontecem após as partidas.
Casal que estava em um bar foi agredido pela Polícia |
Os protestos da última
terça-feira demonstraram claramente quem é quem e também consagraram a força da
população, que através das Redes Sociais, conseguiu mudar até as coberturas
jornalísticas de alguns importantes veículos de comunicação de nosso país, que
distorceram o ocorrido, reforçando para todos que “realmente, o movimento era
fruto de baderneiros e mostrava apenas a reação dos manisfestantes e não a ação da
polícia, e sequer o porquê alguns transeuntes foram se esconder em um posto de
gasolina”.
Jornalista Sérgio Silva foi atingido e corre o risco de perder a visão |
Só nas coberturas da tarde,
após os vários vídeos postados pelos cidadãos nas Redes Sociais -- alguns que nem estavam no meio
da manifestação, mas em janelas de prédios das imediações – é que conhecemos os
dois lados da história: manifestantes foram atacados pela Polícia de Choque enquanto gritavam "SEM VIOLÊNCIA" ; policiais quebrando a própria viatura; políciais
jogando bomba de efeito moral dentro de carros que estavam parados nos
cruzamentos; cidadãos atacados pelas tropas policiais nas janelas de prédios,
por estarem filmando em seus celulares o protesto; trabalhadores que
voltavam para casa agredidos e machucados; um casal que estava na mesa de um bar e foi humilhado e agredido por policiais; e por fim, vários jornalistas no
exercício da profissão feridos, um deles, inclusive, hospitalizado com chance
de perder a visão.
Repórter Giulina Vallone também é atingida no olho por policiais |
O balanço divulgado na manhã
de sexta-feira foi realmente assustador: 237 pessoas presas, entre elas sete jornalistas; o jornalista Sérgio Silva (da Futura Press) internado no hospital 9 de Julho,
após ser atingido com uma bala de borracha no olho com o risco de perder a
visão; a jornalista Giuliana Vallone (Folha de S. Paulo) também ferida no olho
com uma bala de borracha; o repórter do Terra Vagner Magalhães atingido por
golpes de cassetete de um policial militar enquanto cobria o protesto; o
fotógrafo do Terra Fernando
Fotógrafo Alex Silva é agredido enquanto cobria o evento |
Borges, assim como o fotógrafo do Estadão, Alex
Silva, detido com violência; um morador de rua de 14 anos atingido por uma
bala de borracha quando caminhava pela Avenida Angélica, antes mesmo do
protesto começar; e o repórter Piero Locatelli, da revista Carta Capital, detido
pela PM e levado ao 78º DP (Jardins), sem o motivo da prisão esclarecido.
Esses são apenas alguns
casos divulgados. Acredito que tenhamos mais, porém não os conheço.
Após toda essa explanação, é
importante esclarecer que não concordo com o “tudo ou nada”, mas com o diálogo entre população e governantes.
Porém, vamos às ruas no dia 17 de junho, mas conscientes que estamos nos manifestando por mais do que a “inconformidade com o aumento das tarifas dos transportes públicos”, mas pela sua qualidade, seu volume e sua segurança, Além de estarmos exigindo soluções para mais saúde, mais educação, mais segurança, mais igualdade
de oportunidades e dispostos ao diálogo democrático.
E CHEGA DE VIOLÊNCIA E REPRESSÃO CONTRA AS MANIFESTAÇÕES POPULARES E LEGÍTIMAS!!!
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